terça-feira, 27 de outubro de 2009

Simplesmente assim



Pensa que me conhece,
Não sou terreno firme para pisar,
Às vezes você esquece,
Que também posso lhe machucar.

Mas meu tempo é precioso,
Tenho que seguir atrás do meu destino.
Conhecê-lo foi vigoroso,
Fiz o homem ao encontrar o menino.

Agora quer me por a prova,
Esbofeteando-me com sua indiferença,
Mas já não dói tanto,
Essa é a grande diferença!

Não pode me atingir como quer,
Você é minha cria,
Sou apenas uma mulher,
Que morrer de amores por você, até podia!

Mas tudo é passado,
Caminhar é presente.
Siga o que lhe foi traçado.
Eu sigo o meu destino... Contente!


Mel L Frankust
Publicado no Recanto das Letras em 28/10/2009
Código do texto: T1891199

Simplesmente amando



Ah, como gostaria de reescrever
a minha história com você!
Começaria diferente,
Fazendo com que a gente,
Não se encontrasse aqui.

Seria numa praça,
Onde eu, sem graça,
Ficaria a lhe admirar.
E você, com seu jeito malandro,
Poeta encantador,
Ia se aproximar .
Deixando-me sem jeito,
Transpirando de ansiedade,
E você, por maldade,
Demorava chegar.
Próximos, olho no olho.
Um intenso olhar!
Eu pensando, de onde surgiu essa criatura?
E você sorrindo, comigo brincando.
Haverá hora mais pura?

Eu lhe querendo,
Você me testando.
Eu me abrindo,
Você se apostando.
No final, os dois amando.
Simplesmente amando.

Mel L Frankust
Publicado no Recanto das Letras em 03/05/2007
Código do texto: T473159

"Se eu não for por mim mesma, quem o será?"



Outrora, quando me deleitava
com a imagem refletida,
O espelho me devolvia
o rosto moldurado pelos cabelos loiros
onde o brilho do sol eu via.

Hoje, pálida imagem o espelho me mostra,
tento esconder a teimosa lágrima,
procuro a moldura do meu rosto,
mas nada encontro,
só me assombro,
com a minha expressão de desgosto.

Sei que ainda tenho nos olhos,
O brilho de quem luta pela vida,
mas não deixa de magoar,
abrindo mais a ferida,
ao me ver assim, sombra de quem
andava pelos caminhos a desfilar.

Mas não sou só aparência,
tenho alma,
tenho coração,
tenho ainda a decência
que me levanta quando a dor me joga no chão.

Não posso esquecer,
sou uma guerreira,
lutarei até o fim para vencer,
mesmo que esta hora,
agora,
seja a derradeira.

Sendo mais verdadeira,
Eu amo viver,
E não vou me entregar,
até que meus olhos venham cerrar
fechando a cortina de uma existência,
com muitos momentos para recordar,
de quem viveu,
sofreu,
amou,
cresceu
e não se entregou.
Partirei porque chegou à hora,
sempre repetindo a expressão,
que marcou meu coração:
“Se eu não for por mim mesma, quem o será?
E se eu for por mim somente, o que serei?
E se não agora, quando?" - Rabi Hilel Mishana

(Dedico este poema a uma pessoa especial Dr. Carlos, oncologista do Hospital Araújo Jorge - de quem recebi não só tratamento, mas a esperança de viver. Eu me sentia velha com os meus 24 anos, era o peso da doença, mas ele sempre repetia Rabi Hilel Mishana e mostrava outros pacientes em piores situações. Foi assim que ganhei forças para sobreviver - embora aquela pessoa de outrora tenha morrido naquele leito do hospital).

Mel L Frankust
Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2007
Código do texto: T684875

O Pequeno Príncipe